Solidariedade Locais: Como começaram os Protestos da Primavera Árabe - Parte II
Mounira M. Charrad; Nicholas E. Reith
Artigo publicado originalmente em Sociological Forum, Vol. 34, n. S1, dezembro de 2019. DOI: 10.111/socf.12543
Publicado com autorização dos autores e da revista
Tradução de Gustavo Racy
Protestos Locais: Véspera e Princípio da Revolução de Jasmim.
Nesta seção, olharemos para os protestos na véspera e no princípio da Revolução de Jasmim. A resistência e o ativismo que dispararam a Revolução de Jasmim de 2010-2011 começaram muito antes da autoimolação de Mohammed Bouazizi, em 19 de dezembro de 2010. Protestos irromperam em 2000 em greves nacionais de taxistas, estudantes e trabalhadores, paralisando o país por mais de uma semana em duas ocasiões no mesmo ano (Perspective Monde, 2000). As greves nacionais de 2000 têm em comum o fato de que foram organizadas por sindicatos como o UGTT. Outros protestos esporádicos e de menor escala ocorreram ocasionalmente em áreas locais sem receber mita atenção nacional ou internacional. Grandes agitações ocorreram em 2008 na indústria mineira no sul do país, sendo seguidas, cerca de um ano e meio depois, pelos protestos que marcariam o começo da Revolução de Jasmim.
Protestos em Cidades Mineiras: a Revolta de Gafsa de 2008.
Em 2008, uma grande agitação conhecida como Revolta da Mina de Gafsa se desenrolou por diversos meses nas cidades de mineriação de fosfato na região de Gafsa (Anistia Internacional, 2009; Chomiak, 2011; Chouikha & Gobe, 2009; Gall, 2019). Atores locais de áreas mineiradoras das redondezas das cidades de Gafsa e Mtlaoui enfrentaram a polícia e se rebelaram a respeito de questões como acidentes de mineiração em que familiares foram feridos, ou o aloteamento de trabalhos a grupso de fora das regiões de Gafsa. A Anistia Internacional (2009), indica que os protestos “demonstraram a concexão entre privação, insegurança, exclusão e negação de oportunidade de participação ao povo em decisões que afetam suas vidas”.
Os protestos irromperam em 5 de janeiro de 2008, na sequência dos resultados de uma competição de contratação pela estatal Companhia de Fosfato de Gafsa (GPC), a maior empregadora da região – e, em alguns locais, a única. A GPC anunciou uma competição aberta por 380 novos cargos, em que havia sido acertado que pelo menos 20% dos empregos em mineração seriam preenchidos por pessoas da região. Logo ficou caro que muitas das vagas, e mesmo os 20% reservados à população de Gafsa, seriam alocados por nepotismo a familiares e amigos do diretor, na base de afiliação política e tribal. Os protestos implicaram a liderança da GPC assim como a lideração da UGTT (Anistia Internacional, 2009; Chouikha & Gode, 2009). As pessoas que não conseguiram trabalho na GPC, jovens e outros trabalhadores desempregados, assim como viúvas e familiares de mineiros mortos ou feridos no trabalho, se juntaram a demonstrações e reniões no escritório local da UGTT, em Redeyef, uma cidade com cerca de 27,000 pessoas na bacia mineradora de Gafsa e a 45km da cidade de Gafsa. Ao mesmo tempo aliada e inimiga, a UGTT teve uma relação complexa e ambivalente com protestos locais como a revolta de Gafsa. Alguns membros de diretórios locais, como em Redeyef, por exemplo, apoiaram o movimento. Os manifestantes geralmente viam a liderança nacional da UGTT como antipática, ou pelo menos morna, em seu apoio. Os protestos logo chegaram a outras cidades na imediação, como Metlaoui, Mdhilla e Oum Larayes (ver figura 2).
Os manifestantes da bacia de Gafsa surpreenderam o regime ao se organizar rapidamente, recusando o recuo. Na forma de demonstrações, ocupações e greves, os protestos continuaram de forma intermitente até julho de 2008.
O regime respondeu com o uso de força armada, resultando em duas mortes e diversos feridos, oito, de acordo com as autoridades, e vinte-e-seis, de acordo com fontes não-oficiais (Anistia Internacional, 2009). Brigadas especializadas em manter a ordem pública e contingentes militares foram enviados ao local. Em 6 de junho de 2008, Hafnaoui Maghzaoui, de 25 anos, foi em Redeyef morto pelas forças de segurança por meio de munição real, e um dos feridos, Abdelhalek Amaidi, de 31 anos, morreu em setembro do mesmo ano. A Anistia Internacional também relata que forças de segurança prenderam 300 manifestantes e processou mais 200 acusados de conexão com a revolta. O regime também reagiu à revolta com um blecaute midiático, com a mídia governamental ignorando o acontecimento. Quando os tunisianos começaram a postar os eventos no Facebook, a resposta do regime foi bloquear a rede social, liberando-a algumas semanas depois, com vigilância secreta e estrita, bloqueando algumas contas específicas e removendo conteúdo anti-governo. O ativista digital Yassine Ayari explica
Em 2009 houve uma onde de censura nunca antes vista. Foi ridículo. Tudo era censrado. Qualquer site tendo as palavras “humano” ou “direitos” era bloqueado. YouTube, DailyMotion, WordTV... todas as plataformas de compartilhamento de vídeo foram derrubadas. Se você tivesse mais de 20 visitantes em seu blog, não importa o assunto – mesmo se fosse sobre culinário – você seria bloqueado imediatamente. (apud Breuer, 2012:15).
Provavelmente como resultado do blecaute midiático, informações sobre a revolta de Gafsa, ainda que amplamente compartilhadas na região, foram esparsas no país como um todo. Durante visitas a Túnis em 2008 e, novamente no verão de 2010, conversando com uma ampla gama de pessoas, incluindo acadêmicos, um dos autores se chocou com o quão pouco as pessoas sabiam sobre o ocorrido.
Figura 2. A bacia de Gafsa.
Podemos esboçar cinco lições da revolta de Gafsa. Primeiro, a de que foi um protesto bastante local. Ele permaneceu nos confins de uma região desprivilegiada e geograficamente bem-delimitada, a bacia mineradora de Gafsa. Em segundo lugar, a revolta envolveu questões relacionadas a afiliação tribal. Terceiro, ela foi direcionada à UGTT, o sindicato nacional dos trabalhadores, tanto quanto à companhia mineradora estatal. A quarta lição é a de que, além da modificação da prática de recrutamento que favorecia aos familiares da administração em detrimento aos trabalhadores locais, os manifestantes também
demandavam um programa implementado de emprego focado na juventude desempregada com formação profissional, a criação de projetos industriais regionais, respeito às normas ambientais internacionais, e acessibilidade dos mais pobres aos serviços públicos, incluindo eletricidade, água potável, educação e saúde tendo em vista a alta dos preços. Em suma, eles demandavam seu direito ao trabalho e à dignidade humana (Anistia Internacional, 2009, ênfase dos autores).
Por último, porque o regime de Ben Ali, ainda firme no poder em 2008, controlava o fluxo de informação ao país, a revolta de Gafsa recebeu atenção relativamente limitada entre os tunisianos.
Primeiros Protestos da Revolução de Jasmim
Os primeiros 10 dias da revolução tunisiana, da autoimolação de Mohamed Bouazizi em 17 de dezembro, até a aparição das primeiras 1000 pessoas em 27 de dezembro em Túnis, envolveram uma série de protestos locais, principalmente na Tunísia centro-sul, em vilas e aldeias próximas a Sidi Bou Zid. Estes protestos locais permaneceram parcamente documentados em comparação aos protestos massivos que ocorreram posteriormente nas cidades costeiras e em Túnis. Ninguém previu que estes protestos locais em SIdi Bou Zid e arredores seriam seguidos por grandes manifestações ao redor do país demandando o fim do regime. Como ocorrido antes com a revolta de Gafsa, o regime de Ben Ali tentou ao máximo implementar um blecaute midiático para prevenir o mundo de saber sobre o que acontecia, e a tarefa foi facilitada pelo fato de que os protestos começaram como levantes locais sem demandas nacionais claras para a mudança do regime. Só quando os protestos chegaram à capital que grandes agências de notícia internacionais começaram a prestar atenção.
A linha do tempo dos protestos, de 17 de dezembro de 2010, data da autoimolação de Bouazizi, a 25 de dezembro de 2010, quando as primeiras, ainda pequenas, manifestações começaram em Túnis, até 27 de dezembro, mostra como os protestos permaneceram de natureza local. Após Bouazizi ter se ateado fogo, os protestos se espalharam em sua cidade natal em questão de horas, à medida em que manifestantes se juntavam à mãe do jovem para protestar do lado de fora da prefeitura. A polícia usou gás lacrimogênio contra os manifestantes, e lutas intensas se deram entre as partes (Breuer, 2012:17), terminando com dúzias de aprisionamentos em 18 e 19 de dezembro (Nassar, 2016:14-15).
De acordo com a mãe de Mohamed Bouazizi, a dificuldade apresentada por sua situação econômica sem dúvida deu palco para o acontecimento, mas a gota d’água que levou ao evento foi um insulto à sua cultura tribal patriarcal, quando ele foi supostamente estapeado por uma policial. Segundo ela, “[n]ão foi a primeira vez que confiscaram sua mercadoria, mas ser estapeado por uma mulher desta forma, no meio da rua, isto o queimou por dentro. Em nossa tribo, a Hamama, isto não é aceitável” (Ayad, 2011).
Ao longo de uma semana após os combates em Sidi Bou Zid, protestos se deram em todas as vilas e aldeias vizinhas, geralmente por meio da tribo Hamama. Os protestos ocorreram em Menzel Bouzaine, al-Maknasi, al-Mazuna, Argab, Bin Aoun, Jilma, Souq al-Jadid, Bi’r al-Hafi e Sabala (Breuer, 2012:17-18; Nassar, 2016:14). Apesar de ter crescido na Tunísia e viajar frequentemente para lá ao longo dos anos, um dos autores nunca havia ouvido falar destas aldeias e vilas, reflexo de seus tamanhos e locais em uma área remota do país. Estes lugares estão todos localizados próximos a Sidi Bou Zid (ver figura 3) e todos “são dominados pela tribo Hamama, à qual pertence a família de Bouazizi” (Breuer, 2012:18). Estas observações levaram Breuer (ibidem), que baseia sua análise em entrevistas com jovens ativistas tunisianos que viajam às províncias para entender o desenvolvimento dos eventos na escala local, a se referir aos protestos iniciais como “parcialmente motivados por tribalismo”.
Imagem 3 - Província de Sidi Bouzid. Google.
Com os protestos continuando nas áreas próximas, a primeira morte causada pela repressão aconteceria em 24 de dezembro de 2010, em Mendel Bouzaine, uma cidade de cerca de 7000 habitantes, localizada a 30 milhas da vila de Sidi Bou Zid, na província de mesmo nome, quando as forças de segurança dispararam contra Mohamed Ammari, de 18 anos (New Arab, 2015; Rifai, 2011). Outro manifestante, Chawki El Hadri, também foi ferido, morrendo posteriormente pelos tiros. Em 25 de dezembro, o dia seguinte à primeira fatalidade causada pelas forças de segurança, e nos dias depois, levantes se espalharam por cidades e aldeias em províncias vizinhas como Kairouan, no centro do país, Tozeur, Kebili e Bem Gardane, no sul, além de na cidade costeira de Sfax (ver imagem 4). Pequenas demonstrações também começaram na capital, Túnis. Em 27 de dezembro, a primeira manifestação com 1000 pessoas ocorreu na capital. A cidade costeira de Sousse também teve protestos. A esta altura, a maioria das regiões e cidades estavam envolvidas nos protestos. As demandas mudaram rapidamente do eixo socioeconômico para o político. Reclamando liberdades políticas e, depois, o fim do regime, as manifestações se voltaram ao famoso chamado de “Dégage” ou “Vá embora”, para Ben Ali, com o termo se tornando um slogan da Primavera Árabe na Tunísia e em outros países (sobre a linha do tempo dos levantes tunisianos, ver Rifai, 2011).
Imagem 4. Mapa adminsitrativo da Tunísia.
Triangulação: do Local ao Global ao Nacional
Dado seu foco em solidariedades locais, a narrativa deste artigo deveria parar, a princípio, com o momento em que as manifestações passaram das áreas locais, em sua fase inicial, ao cenário nacional. Entretanto, a discussão do papel desempenhado pelas áreas locais não estaria completa sem uma consideração sobre o processo de transmissão do local ao nacional, especialmente no contexto do blecaute das mídias informativas estabelecido pelo regime. Desenvolvimentos na Tunísia oferecem um caso interessante de conexões triangulares do local ao global e ao nacional. Neste triângulo, a informação sobre os protestos locais de Sidi Abou Zid e região, parece ter sido levado à maior parte dos tunisianos após sua ida às mídias estrangeiras e seu consequente retorno ao país.
Ali Bouazizi, primo de Mohamed Bouazizi, postou em sua conta pessoal do Facebook um vídeo de um protesto iniciado pela mãe de Mohamed do lado de fora da prefeitura de Sidi Bou Zid em 17 de dezembro de 2010. Neste ano, estimava-se o uso do Facebook na Tunísia em 17% e, de acordo com as estatísticas oficiais mais recentes, em 2007, menos de 1% da população de Sidi Bou Zid tinha qualquer acesso à internet (Institut National de la Statistique, 2007:51). Mesmo com um crescimento generoso ao longo de 3 anos, é provável que a mídia social por si tenha tido pouco a ver com a mobilização de membros da tribo Hamama na vila de Sidi Bou Zid em si, bem como nas aldeias e cidades vizinhas que constituem a província. Além disso, a vigilância pesada deixava os tunisianos desconfortáveis para compartilhar notícias dos protestos anti-regime por meio de aparatos eletrônicos (Breuer, 2012:18). Um dos autores soube dos protestos por chamada telefônica, de Túnis para os EUA, de um amigo que não queria divulgar as notícias por mensagem direta no Facebook ou email, com medo de deixar rastros.
A informação foi divulgada primeiramente por ativistas digitais tunisianos, muitos deles em exílio na Europa, que esmiuçavam o Facebook e outras fontes sobre o protesto. O ativista digitaltunisiano Yassine Ayari, (apud Breuer, 2012:19), aponta:
Quando a revolução veio eu estava na Bélgica... Eu tinha 2000 ou 3000 amigos no Facebook, o que me dava um pouco de influência. Então eu tirei férias do trabalho e me sentei com outros amigos, computadores, pizzas e um telefone. Tentamos usar toda a informação que pudéssemos: atualizações de status, fotos, vídeos. Quando ouvimos que algo havia acontecido em Kasserine ou outro lugar, pegávamos o telefone, sabíamos que alguém conheceria alguém e que encontraríamos a informação para compartilhar.
Os ativistas no exterior “traduziriam o material [do árabe coloquial ao árabe padrão] e o estruturariam em uma narrativa cronológica coerente” (Breuer, 2012: 18). Agindo como corretores de informação, eles postariam o material na mídia social novamente.
Eis como redes como Global Voices, Nawaat e AlJazeera encontraram as informações e as difundiram. Como Breuer (2012:19), explica: “Uma vez que a informação se tornou disponível em formato publicável, difusores internacionais puderam reuní-las e re-importá-las ao país, ‘pulando’ o blecaute imposto pelos guardiões das mídias estatais tunisianas...”. Primeiro a AlJazeera postou uma filmagem dos protestos de Sidi Bou Zid em 20 de dezembro de 20210, como o comentário de que “tumultos como os ocorridos em Sidi Bou Zid são raros na Tunísia” e de que os distúrbios teriam sido “ignorados pela mídia nacional” (AlJazeera, 2010). Ainda assim, ralis pequenos em Túnis só aconteceriam em 25 de dezembro. É provável que comunicações privadas tenham ocorrido entre a região de Sidi Bou Zid e populações urbanas sem registro ou relato públicos, dada a vigilância estrita no país. Com o blecaute total de notícias na Tunísia, entretanto, a maior parte dos cidadãos permaneceram ignorantes dos protestos na região centro-sul até que informativos internacionais os anunciassem. A evidência sugere que a transmissão de informação envolveu manifestantes locais em Sidi Bou Zid, ativistas digitais operando majoritariamente a partir do estrangeiro e difusores internacionais. Breuer (2012:19), nota que
A informação sobre a morte de Bouazizi e os consequentes protestos puderam atingir porções maiores da sociedade tunisiana somente por esta complexa interação tripla entre manifestantes indivíduos, não pertencentes à elite, ativistas digitais orientados por estratégia e motivação, e difusores internacionais.
Esta triangulação tornou possível que as notícias dos protestos em Sidi Bou Zid e aldeias e vilas vizinhas chegassem à maior parte dos tunisianos.
Não surpreendentemente, solidariedade locais continuaram a se manifestar após a Revolução de Jasmim. Em particular, houve certa preocupação sobre a potencialidade de políticas tribais e conflitos durante as eleições (Ayadi, 2011a). Um especialista internacional em eleições, como conhecimento profundo sobre a Tunísia, confirmou o fenômeno do voto por candidatos locais ou familiares, notando que havia “candidatos em áreas rurais que são majoritariamente apoiados por sua base familiar e forte apoio tribal e regional, independentemente da ideologia. Laços familiares vêm antes dos processos democráticos, e devemos conviver com este fato por algum tempo” (Hassan, 2011). Durante as campanhas eleitorais, inúmeros partidos grandes enviaram representantes para se encontrarem com líderes de tribos maioritárias. Um dos partidos, o partido Islamista Ennahdha, admitiu oficialmente que o “fator tribal” era uma realidade concreta a ser considerada em sua estratégia de campanha (Ayadi, 2011).
Conclusão
Em um esforço para decifrar a surpresa que as revoltas tunisianas representaram para muitos, nós nos concentramos em sua fase inicial e na história da região em que despontaram. Demonstramos a importância das solidariedades locais no surgimento das revoltas, que começaram em áreas locais marginalizadas, longe das cidades mais ricas da costa. Ao conceitualizar solidariedades locais no contexto da Tunísia, incluímos proximidade geográfica, marginalização compartilhada e identidades baseadas em parentesco ou tribais, que continuam sendo eficazes até hoje em algumas partes do país. Para obter uma melhor compreensão das solidariedades locais e das identidades baseadas em parentesco que as constituem parcialmente, traçamos seu desenvolvimento ao longo dos períodos da história tunisiana, destacando processos de marginalização através da centralização estatal, combinada com resistência das comunidades locais na “Tunísia profunda”, que o estado tentou controlar sem nunca ter sucesso completo. Em 2010, a própria parte do país que sofreu negligência e controle estatal por décadas explodiu em protestos localizados em pequena escala.
Essa não foi a primeira vez que protestos locais ocorreram no país, como evidenciado pela revolta nas cidades mineiras na bacia de Gafsa em 2008, apenas dois anos antes. No entanto, em 2010, uma conexão triangular entre manifestantes locais, ativistas digitais principalmente no exílio no exterior e radiodifusores internacionais ajudou a transmitir informações para outras partes do país. A partir de então, protestos em massa em todo o país se desenvolveram, com duas mudanças importantes: uma no modo de comunicação e outra no objetivo. As mídias sociais desempenharam um papel importante no movimento em todo o país, mas não na fase inicial nas áreas locais. Enquanto os protestos locais iniciais nas aldeias remotas exigiam o fim da injustiça econômica, os protestos em massa nas cidades e no país como um todo se voltaram para demandas políticas, primeiro pela liberdade política e depois pelo fim do regime. As principais diferenças entre as fases da Revolução do Jasmim nos levaram a oferecer uma análise especificamente centrada nas áreas locais.
O início da Revolução do Jasmim mostra como as solidariedades locais baseadas, em parte, em redes de confiança baseadas em parentesco podem gerar oposição ao estado na era contemporânea. Um ponto importante a se observar na experiência tunisiana é que tais solidariedades e redes não foram varridas por processos frequentemente presumidos como capazes de eliminá-las, como centralização estatal, liberalização econômica, urbanização ou globalização. As redes baseadas em parentesco em áreas locais provaram sua resiliência quando se viram em situações em que o estado os privava de recursos e quando uma estratégia para sobrevivência econômica era a dependência de outros membros da rede. A experiência tunisiana também mostra que as redes baseadas em parentesco têm agência política. Elas podem usar sua agência para gerar agitação. Elas também podem usá-la de outras maneiras, possivelmente formando alianças com o estado ou partes dele, dependendo do contexto político e da aliança de forças. Outras sociedades incluem redes de confiança baseadas em parentesco e política tribal, como, por exemplo, Iraque, Líbia, Iêmen, Afeganistão ou Sudão, para citar alguns. Embora uma discussão sobre política tribal e solidariedades locais nesses países esteja fora do escopo deste artigo, sugerimos que a análise que oferecemos exige uma consideração sutil das maneiras pelas quais as solidariedades locais ancoradas em parte em redes de confiança baseadas em parentesco se relacionam com o estado nacional, outros corpos de poder institucionalizados, como sindicatos ou partidos, e com atores internacionais em diferentes momentos e lugares.
Desafiar um regime autoritário como o de Ben Ali exigiu coragem. Significava correr o risco de morte. Requeria algum tipo de rede e confiança em outras pessoas provavelmente dispostas a se juntar ao desafio. Mais frequentemente, a oposição a um regime autoritário vem de um segmento da elite, seja das forças de segurança ou militares, de um subgrupo de uma dinastia no poder ou de uma facção dentro de um partido governante, todos os quais têm recursos que podem mobilizar para se opor ao governo vigente. Nada disso ocorreu na Tunísia em 2010. O protesto de uma semana na área de Sidi Bou Zid no início da Revolução do Jasmim sugere que as solidariedades locais ancoradas parcialmente no parentesco podem fornecer a base para confiança e redes capazes de se engajar em ação coletiva. Também mostra como, sob condições de severa repressão à imprensa e organizações como sindicatos e associações civis, redes ancoradas em solidariedades locais e parentesco, que estão longe do centro nacional, têm mais probabilidade de iniciar agitação.
Estudiosos têm considerado como o parentesco se intersecciona com a política para moldar o desenvolvimento de estados e outras instituições políticas, especialmente onde prevalece o patrimonialismo. O patrimonialismo, melhor definido como o governo através de parentes ou aliados com base em lealdades pessoais, geralmente se refere a detentores de poder. Stephan (2018) examina como as feministas se envolveram em atividades políticas alavancando suas redes familiares estendidas no Líbano. A perspectiva apresentada neste artigo oferece outro ângulo para pesquisa, levantando questões sobre como o parentesco se intersecciona ao protesto. Com base principalmente em movimentos sociais em democracias ocidentais, a literatura sociológica tem dado pouca atenção ao papel das redes de confiança baseadas em parentesco no apoio a atividades de protesto. Nossa análise sugere que tais redes constituem uma realidade social a ser considerada enquanto tentamos entender a agitação que leva a manifestações em momentos e lugares onde o parentesco tem sido parte da dinâmica política, especialmente no contexto de estados falidos ou fragmentados, e em tempos de crise. Vemos nosso estudo como abrindo caminhos para mais pesquisas sobre movimentos sociais em sociedades onde solidariedades locais que incluem redes de confiança baseadas em parentesco desempenharam um papel na mobilização popular, protesto ou ativismo.
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Mounira Maya Charrad é professora do departamento de sociologia da Universidade do Texas em Austin, doutora pela Universidade de Harvard e graduadoa pela Sorbonne. É pesquisadoras das áreas de formação do Estado nacional, colonialismo, direito, cidadania, parentesco e direitos das mulheres. Mais especificamente, ela pesquisa as estratégias de formação do Estado em sociedades estruturadas pelo parentesco, e como lutas contra o poder estatal moldaram a expansão o opressão de direitos femininos. Desafiando as explicações baseadas em religião, ela enfatiza a solidariedade social e seus fundamentos (o parentesco, a etnia e as associações). Seus trabalhos foram traduzidos para o francês, árave e chinês e estão presentes em diversas mídias. Por sua pesquisa, recebeu fomentos do National Endowment for the Humanities, Mellon Foundation, American Association of University Women e American Institue of Maghribi Studies.
Nicholas E. Reith é professor do departamento de sociologia da Universidade do Texas em Austin.